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Artefatos Indígenas na Comunidade do Samaúma no Rio Mamurú na Fronteira Pará/Amazonas

Atualizado: 19 de jun. de 2023



Curiosidades nas artes em argilas, que nos reportam há um tempo histórico das culturas dos povos originários


Texto/Fotos: Larissa Monteiro/Amazonas Cultura


A Comunidade do Samaúma no Rio Mamurú, na fronteira entre Pará e Amazonas (distante 71 Km de Parintins), onde comecei a ler, a escrever e vivi a infância, é um local arqueológico. Há vestígios dos povos indígenas, por meio de artefatos, que evidenciam atividades históricas de um passado “misterioso”.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


O intuito aqui é mostrar os artefatos, que ajudarão na construção da história desse chão caboclo e ribeirinho, antes habitado pelos nossos ancestrais indígenas. Mas vale destacar a existência de um projeto de pesquisa, para resgatar a identidade cultural do lugar, uma iniciativa da ex-moradora e estudante de Técnico em Meio Ambiente (Ifam Parintins), Tarciane Cavalcante, e da Prof.ª Dr.ª Vera Marinho (Ifam Parintins). Que não foi pra frente, por falta de recursos financeiros para custear a logística.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


Ainda não existem estudos que revelem as datas em que esses povos originários moraram no local. Mas o senhor Sebastião Batista Pereira, 67, liderança indígena (Sateré-mawé), da comunidade Nossa Senhora Aparecida, no Rio Mamurú, confirma a história de que “ali era uma aldeia no Samaúma, no Acácio onde chamam Maloca, no Zé Bezerra (antiga comunidade da Forca), na comunidade Nova Canaã, no Tucunaré”, relata.


Cria legítimo do Rio Mamurú, seu Sabá assim conhecido, conta que morava com seus pais numa aldeia, localizada “acima da boca do repartimento do Mariaquã e o Mamuruzinho”. E quando tinha 8 anos mais ou menos, seu pai foi infectado pelo vírus da febre amarela, doença responsável por matar muitos indígenas daquela região. A metade dos sobreviventes foram se refugiar no Rio Andirá.

Para fugir da doença, veio com os pais morar perto de onde, atualmente, é o Samaúma, lugar que ele ajudou a fundar anos depois. Nessa região, vive até hoje com os filhos e netos, no entanto, em outra proximidade do Samaúma, onde fundou a comunidade indígena, Nossa Senhora Aparecida.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


Minha mãe Vanusa Monteiro, diz quando os novos moradores chegaram no local, para fazerem limpeza e formarem a comunidade, encontraram diversos artefatos – simbologias em argila, pedaços de louças e outros utensílios feitos de barro ou argila, machadinha indígena (pedra polida), que o povo até utilizava para amolar terçados.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


Antigamente, encontravam esses objetos com frequência, nas limpezas como é de costume ou durante os plantios, ou quando as famílias chegavam e pediam pedaços de terras para fazerem casas. Agora é raridade encontrar essas riquezas, mas ainda existem.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


Esses relatos reforçam que o local foi uma aldeia há anos, o que comprova são os artefatos presentes nesse ensaio fotográfico (registrado em março de 2020), preservados e guardados pela moradora da comunidade do Samaúma, Simone Lopes Pereira.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


Na minha infância, enquanto moradora da comunidade do Samaúma, encontrava artefatos parecidos com esses, nas minhas andanças e brincadeiras pelo terreiro de casa, amontoava por lá os que eu encontrava pela frente. A minha mãe sempre dizia que eram artefatos indígenas e repetia as histórias dos idosos sobre o ambiente ser uma aldeia, antigamente.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


Mas, o que aconteceu com os povos indígenas? O que sabemos é que a maioria desses indígenas morreram nas epidemias de várias doenças, que surgiram há muitos anos, como exemplos, a epidemia do sarampo e febre amarela. Quando essas doenças chegavam a uma aldeia, morriam massivamente, crianças e jovens, adultos e idosos. Os sobreviventes se desgostavam do local, mudavam-se pra outras paragens, alguns voltavam, mas ocupavam as proximidades.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


Artefatos Indígenas são objetos de utilidade (feitos conforme as necessidades do povo); de ritos (de acordo com a tradição); ou de simbologia (criados a partir da relação com a natureza e com a aldeia). A maioria desses artefatos são representações de animais, outros são partes de louças, por exemplo, é possível reconhecer o pedaço de pote em uma das imagens.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro


As riquezas nos detalhes das artes e a coordenação motora nos grafismos, que são gravados nos pedaços de argilas, dão forma aos utensílios, e impressionam. As belas criações imagéticas que remetem a seres conhecidos e desconhecidos, causam curiosidades. Espero em breve dar continuidade à história por trás desses artefatos e da comunidade.


Foto: Larissa Monteiro


Foto: Larissa Monteiro



Foto: Larissa Monteiro


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